A primeira coisa que você deve ter em mente quando decide investir em ações, é que você está se tornando sócio de empresas reais.
Essas empresas estão inseridas em diferentes mercados e sofrem influências de agentes diversos, tais como clientes, fornecedores, concorrentes e governos.
Além disso, o fato das ações serem negociadas em bolsa de valores, faz com que elas estejam expostas as reações e emoções daqueles que as negociam, o que torna o mercado de capitais bastante volátil.
Por isso, se você quiser entrar nesse mercado, você precisa entender o seu funcionamento, aprender os principais conceitos e adotar uma mentalidade de investimento que privilegie o longo prazo.
E antes de tomar qualquer decisão referente a investimentos, você precisa organizar e planejar a sua vida financeira.
Sugiro que você leia o artigo 7 regras básicas antes de começar a investir. Nele você vai ter uma boa noção do que você precisa fazer antes de colocar o seu dinheiro na bolsa de valores.
A partir de agora você terá acesso a tudo o que você precisa saber para investir em ações.
Boa leitura!
O que são ações?
As ações são valores mobiliários emitidos por sociedades anônimas e representam a menor parcela do capital social da companhia.
Elas são emitidas pelas empresas que estão em busca de recursos para desenvolver o seu crescimento e financiar suas atividades a um custo menor.
Em troca elas estão dispostas a ceder aos investidores uma participação em sua empresa, conforme o tipo e a quantidade de ações adquiridas.
Para isso, utilizam a bolsa de valores para negociar as suas ações.
IPO x Follow-on: ofertando ações na bolsa
Para que estas companhias se tornem empresas de capital aberto e realizem a sua primeira oferta de ações na bolsa de valores, elas precisam se submeter a um processo chamado Oferta Pública Inicial, mais conhecido como IPO – Initial Public Offer.
O IPO envolve diversas etapas, tais como reuniões de apresentação, registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), listagem na bolsa de valores B3 e definição do preço de lançamento.
No caso de uma empresa que já negocia ações na bolsa, novas ofertas também poderão ser realizadas para aumentar a liquidez de suas ações e ao mesmo tempo captar mais recursos para novos projetos. Essas novas ofertas são chamadas de follow-on ou ofertas subsequentes.
Tipos de ofertas de ações
As ofertas públicas, sejam elas IPOs e follow-ons, podem ser primárias ou secundárias.
Nas ofertas primárias, a empresa vende novos títulos e os recursos dessa venda vão para o caixa da empresa e serão usados para financiar as suas atividades. Neste caso, ocorre um aumento do capital social da companhia.
Já as ofertas secundárias, não envolvem a emissão de novos títulos, e sim, a venda de ações já existentes de algum sócio com grande participação. Isso gera um crescimento da base de acionistas, sem que haja um aumento do capital social.
Estes recursos vão direto para o bolso do acionista que realizou a venda e não para o caixa da empresa.
Da mesma forma que a empresa abre seu capital ela também pode fechá-lo através de um processo chamado OPA (Oferta Pública de Aquisição). Neste caso a empresa é obrigada a recomprar todas as suas ações disponíveis no mercado.
Como identificar uma ação
Na bolsa de valores as empresas são identificadas por códigos chamados “tickers”. Eles são utilizados para facilitar as negociações e são essenciais para que você realize seus investimentos.
Os tickers são formados por quatro letras, que representam a empresa emissora, e um número, que identifica o tipo da ação.
Veja alguns exemplos:
O ticker VALE3 representa as ações ordinárias da empresa Vale, enquanto que PETR4 identifica as ações preferenciais da Petrobrás.
Esta configuração de ticker representa o mercado à vista onde apenas o lote padrão, formado por 100 ações é negociado. Caso queira negociar quantidades inferiores ao lote padrão, você terá que negociar no mercado fracionário.
Para isso basta acrescentar a letra “F” ao final do código da ação.
Por exemplo: Se você quiser comprar apenas 10 ações da Vale, basta utilizar o código VALE3F no momento de efetuar a ordem de compra.
Tipos de ações
As ações dividem-se em 3 categorias:
Ações ordinárias (ON)
Estas ações concedem direito a voto nas assembléias, podendo o sócio participar das decisões da empresa.
Exemplo: ABEV3, da empresa Ambev
Ações preferenciais (PN)
As ações preferenciais não têm direito a voto, mas concedem aos seus detentores a preferência na distribuição de lucros da empresa e a prioridade em caso de reembolso de capital.
Exemplo: ITUB4, do Banco Itaú
Units
Já as units ou certificados de depósitos de ações, não são ações propriamente ditas, mas sim um pacote de valores mobiliários. Eles podem incluir ações ordinárias e preferenciais.
Exemplo: KLBN11, da empresa Klabin, é composta por 1 ação ON + 4 ações PN.
Um outro tipo de unit são as BDRs (Brazilian Depositary Receipt), que são certificados que permitem a investidores brasileiros comprarem ações de empresas estrangeiras diretamente na B3.
Classes de ações
As ações também podem ser classificadas quanto à política de governança corporativa praticada pelas empresas emissoras.
A fim de incentivar as empresas a serem mais transparentes e terem uma maior preocupação com os pequenos investidores, a bolsa de valores criou uma espécie de certificação dividida em níveis de exigências: Nível I, Nível II e Novo Mercado.
O Novo Mercado é o nível mais completo e só é concedido àquelas empresas que adotarem critérios mais rígidos de governança, o que inclui maior transparência e proteção ao pequeno investidor.
As empresas do Novo Mercado também devem possuir apenas ações ON e tag along de 100%.
Tag along é um mecanismo de proteção para os acionistas minoritários, previsto na Lei 6.404/76 das Empresas de Sociedade Anônima.
Ele garante que em caso de troca de controle da empresa, todos terão o direito de vender suas ações pelo mesmo preço das ações detidas pelo acionista controlador.
A Bolsa de Valores
Até 2016 a bolsa de valores operou sob o nome de Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo (BM&F Bovespa), resultado da fusão entre BM&F e a Bovespa.
Atualmente a bolsa de valores brasileira atende pelo nome de B3, nome este surgido em 2017 após a fusão entre a BM&F Bovespa e a Cetip (Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos), tornando-se uma sociedade de capital aberto e única bolsa de valores do Brasil.
A Bolsa de Valores é o ambiente onde é realizado todo o processo de negociação de valores mobiliários, como ações, cotas de fundos de investimentos, títulos de renda fixa e contratos futuros, como de juros, moedas e commodities agrícolas.
Hoje o pregão na bolsa brasileira é realizado de forma eletrônica e online, deixando totalmente no passado aquela imagem de corretores gritando ordens de compra e venda ao telefone.
Para dar segurança às transações realizadas na bolsa de valores, existe a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), uma organização auto-regulada que atua sob a supervisão da CVM.
Após a fusão entre Bovespa e a BVM&F em 2008, ela mudou seu nome para Câmara de Ações e Renda Fixa Privada e está sob a gestão direta da B3. Mesmo com a mudança de nome a sigla CBLC continua sendo a mais usada.
A CBLC é responsável pela custódia das ações conferindo segurança ao investidor, pois em caso de falência da corretora, as ações estarão a salvo e poderão ser acessadas posteriormente sem nenhum tipo de prejuízo.
Outras funções importantes da CBLC envolvem a liquidação e a garantia das operações.
Após concluída a transação de compra e venda no ambiente de negociação da B3, ocorre o processo de liquidação física e financeira que possibilita no prazo de dois dias úteis, a transferência de titularidade das ações para o comprador e dos recursos financeiros para o vendedor.
Índice Bovespa
Você já deve ter visto nos telejornais muitos apresentadores fazendo referência às altas e quedas do índice da bolsa, mas sempre sem explicar o que isso realmente significa. Isso gera mais dúvida do que esclarecimentos para a maioria das pessoas.
O Índice Bovespa, ou simplesmente Ibovespa, é o principal indicador de desempenho das ações negociadas na B3 e funciona como uma espécie de termômetro no sobe e desce das ações, que indica de forma geral as perspectivas das empresas de capital aberto no Brasil.
O índice é o resultado de uma carteira teórica de ativos, composta pelas ações e units de companhias listadas na bolsa e que atendem aos critérios descritos na sua metodologia.
Atualmente a bolsa de valores é composta por aproximadamente 450 empresas, sendo que em média apenas 60 empresas compõem o Ibovespa. O índice é avaliado periodicamente e o número de empresas relacionadas podem variar para mais ou para menos.
Essas empresas são responsáveis por cerca de 80% do número de negócios e do volume financeiro do nosso mercado de capitais.
Apenas para efeito de comparação, as bolsas americanas NYSE e NASDAQ possuem juntas quase 5.500 empresas. Isso mostra o quanto o nosso mercado de capitais ainda tem a crescer.
Escolhendo uma corretora para investir em ações
Para que você possa comprar e vender ações na bolsa de valores, é necessário que você tenha uma conta aberta numa corretora de investimentos credenciada junto à CVM.
Elas atuam como intermediárias na compra e venda de ativos na bolsa de valores e possibilitam que você tenha acesso a este mercado.
Para facilitar a sua escolha, listei alguns pontos que você deve ficar atento no momento de escolher a sua corretora:
- Confirme se a corretora está cadastrada na CVM;
- Cheque a reputação da instituição no mercado;
- Verifique todos os custos;
- Teste o atendimento ao cliente (telefone, e-mail e chat); e
- Veja se a plataforma é amigável e fácil de usar.
Você pode abrir conta em mais de uma corretora para fazer suas comparações, uma vez que você não pagará nada por isso.
Assim você pode conhecer o que cada corretora oferece e aproveitar o melhor de cada uma.
Atualmente o processo de abertura de conta nas corretoras é bastante simples. Tudo é feito pela internet. Basta você acessar o site da corretora escolhida e seguir alguns passos:
- preencher um cadastro com dados pessoais;
- fornecer suas informações sobre renda e patrimônio;
- informar a agência e o número de uma conta corrente em seu nome;
- digitalizar e anexar RG e comprovante de residência; e
- responder algumas perguntas para definir seu perfil de investidor;
- definir uma senha e uma assinatura eletrônica para validar suas transações no home broker (ambiente virtual da sua corretora onde você mesmo realiza as suas operações sem a necessidade de um operador).
Pronto! A aprovação do seu cadastro pode ser efetivada em poucas horas ou alguns dias. Eu já abri conta em algumas corretoras, e em todas a aprovação se deu em menos de 24 horas.
Feito isso basta você fazer a transferência de recursos do seu banco para a corretora e iniciar seus investimentos. O horário de funcionamento da B3 para compra e venda de ativos é das 10 às 17 horas.
Quais os riscos de se investir em ações?
Basicamente existem dois tipos de riscos aos quais o investidor pode estar exposto ao investir em ações: o risco de mercado relacionado à empresa na qual ele investiu, e uma eventual quebra da corretora que você utiliza para fazer investimentos.
Risco de mercado
As ações são ativos de renda variável e como tal podem sofrer fortes oscilações em seus preços. E vários são os fatores que podem gerar instabilidades no seu desempenho, como variação das taxas de juros, câmbio ou inflação no Brasil ou no exterior.
Além disso, cada empresa ainda está exposta a riscos específicos que envolvem a própria companhia ou o setor ao qual ela pertence.
Vamos imaginar o seguinte exemplo: você investe numa empresa produtora de peças automotivas que tem como principal matéria-prima o minério de ferro. Caso o preço dessa commodity sofra uma grande alta, é bem provável que a empresa seja prejudicada, pois essa alta impactará os seus custos.
O mercado poderá reagir a essa informação com uma grande venda de ações reduzindo o valor da empresa na bolsa.
Mas o fato dessas variações afetarem os preços das ações no curto prazo, não quer dizer que a empresa seja ruim.
Por isso, antes de comprar ações, você deve analisar os fundamentos da empresa e identificar se a mesma entrega valor a você.
Além disso, o investimento em ações deve ter uma visão de longo prazo e construção de patrimônio. Dessa forma você não sofrerá com o sobe-desce da bolsa de valores e reduzirá os efeitos desse tipo de risco.
Falência de corretoras
Hoje existe um grande número de corretoras de investimentos no Brasil, sejam elas independentes ou ligadas a algum conglomerado financeiro.
Pode ser que por uma questão de comodidade ou mesmo por medo de que uma corretora independente venha a quebrar, você queira permanecer no seu banco e utilizar os serviços para investir o seu dinheiro. Entretanto, essa nem sempre é a melhor opção.
Como você viu anteriormente, não é necessário ter medo de investir através de uma corretora fora de um grande banco, pois os ativos adquiridos ficam custodiados na B3/CBLC registrados no CPF e nome do investidor.
Portanto, em caso de quebra da corretora, os seus ativos poderão ser transferidos para outra instituição. É um processo burocrático, mas o seu dinheiro investido estará protegido.
Caso queira, você pode acompanhar as informações dos seus investimentos fazendo seu cadastro no Canal Eletrônico do Investidor (CEI), que é uma plataforma disponibilizada pela B3 para consulta de extratos e movimentações das suas aplicações financeiras.
Mas como na vida nem tudo são flores, existe sim um problema para o investidor: o dinheiro parado na conta da corretora, que diferentemente dos bancos não é coberto pelo FGC – Fundo Garantidor de Crédito.
Basicamente o seu dinheiro corre dois riscos ficando parado na conta: perda de valor frente a inflação, pois não há rendimento, e o risco de uma liquidação extrajudicial da corretora. Neste caso você terá que entrar numa fila de credores e aguardar por um prazo indefinido o ressarcimento do seu dinheiro.
Além da espera, você corre o risco de nem receber o seu dinheiro, pois a corretora pode não ter recursos suficientes para pagar toda a dívida.
Mas não deixe que isso o impeça de realizar os seus investimentos. Ao escolher uma corretora idônea e registrada na CVM você reduz a quase zero as chances de um problema como esse acontecer.
Quais os custos para se investir em ações?
Quando você realiza a compra e venda de ações, existem alguns custos que você terá que pagar.
São eles: taxas de corretagem e custódia, emolumentos e alguns impostos. Veja a seguir para quem você terá que pagar essas taxas.
Corretora: Taxa de corretagem e taxa custódia
Para a sua corretora, você poderá pagar duas taxas quando negociar ações:
A primeira é a taxa de corretagem que remunera a corretora pelos serviços prestados e é cobrada sobre cada operação de compra ou venda de ativos.
Essa cobrança pode ser dar através de um valor fixo ou um percentual sobre o total negociado.
A segunda taxa cobrada pela corretora é a taxa de custódia, descontada mensalmente em razão da guarda das ações do investidor na CBLC.
Atualmente, a maioria das corretoras zeraram a sua cobrança junto aos clientes pessoa física que possuem aplicações inferiores a R$ 300 mil.
Inclusive muitas delas deixaram de cobrar até mesmo a taxa de corretagem.
B3: Emolumentos (taxa de negociação e liquidação)
Os percentuais das taxas de negociação e liquidação são devidos tanto pelo comprador quanto pelo vendedor e incidem sobre o total da transação.
Veja na tabela abaixo os percentuais cobrados do investidor.
Taxa de negociação e taxa de liquidação
Tipo de Investidor | Negociação | Liquidação | Total |
Pessoas físicas | 0,0050% | 0,0250% | 0,0300% |
Para verificar mais detalhes sobre as taxas cobradas pela B3, acesse o site da bolsa de valores.
Governo: Impostos
Além das taxas, as operações na bolsa também estão sujeitas a cobrança de tributos como ISS, Pis e Cofins que incidem sobre o valor da corretagem das corretoras.
Há também a cobrança de imposto de renda sobre os ganhos obtidos nas operações comuns (alíquota de 15%) e nas operações de daytrade (aquelas iniciadas e concluídas no mesmo dia), onde a alíquota é de 20%.
Mas você pode ficar isento da cobrança de IR mesmo obtendo ganhos. Para que isso ocorra, basta que o valor total das ações vendidas no mês, seja inferior a R$ 20 mil.
Essa é uma vantagem para quem investe a longo prazo, uma vez que as operações daytrade não se beneficiam desta isenção. Todo e qualquer ganho em operações dessa natureza, independente do valor, são tributados.
Mas lembrando: se o número de negócios ou ações vendidas nas operações normais no mês ultrapassar o valor de R$ 20 mil, você estará sujeito ao recolhimento do imposto.
Ele deverá ser efetuado até o último dia do mês subsequente ao da operação através de uma guia DARF gerada no sistema Sicalc encontrada no site da Receita Federal.
E um último detalhe: se você comprou ações, sejam elas tributadas ou não, você já está obrigado a entregar a declaração de imposto de renda pessoa física do próximo ano, como você verá mais adiante.
Investir em ações para gerar renda passiva
Ao investir em ações, você pode obter seu retorno basicamente de duas formas: com a valorização do ativo que você adquiriu a um preço mais baixo, e/ou através do recebimento de proventos.
Se você é iniciante na bolsa de valores, talvez só tenha pensado na valorização do preço das suas ações até agora. Vejamos então a segunda forma de obter ganhos com seus investimentos.
O que são proventos?
Os proventos são diferentes formas de remunerar o capital do investidor que decidiu se tornar acionista de uma empresa.
Eles podem ser pagos em dinheiro, sendo depositados diretamente na conta corrente do investidor, ou através da emissão de novas ações da companhia em nome do acionista.
Os tipos de proventos se dividem em quatro categorias:
- Dividendos;
- Juros sobre capital próprio (JSCP);
- Bonificações; e
- Direitos de subscrição.
Veja abaixo como cada um deles funciona.
Dividendos
Os dividendos nada mais são do que uma fatia do lucro líquido da empresa distribuída aos seus acionistas, de forma proporcional à sua participação na companhia.
O cálculo dos dividendos é realizado sobre o lucro líquido e após a cobrança dos impostos. Dessa forma os acionistas recebem os recursos isentos de imposto de renda direto na conta corrente.
A decisão sobre o pagamento sempre é definida pela Assembléia Geral Ordinária (AGO) mediante aprovação das demonstrações financeiras e análise da proposta de distribuição de lucro apresentada pela administração.
A Lei das Sociedades Anônimas determina que 25% do lucro deve ser repassado a título de dividendos a seus acionistas. Essa condição somente é válida se a AGO incluir no estatuto da empresa a obrigatoriedade do pagamento de dividendos.
Mas a empresa tem total liberdade para definir o percentual do lucro a ser distribuído em forma de dividendos, desde que seja previsto em seu estatuto social. Caso não esteja definido, será obrigatório um dividendo de 50%.
O seu pagamento é periódico e pode ser realizado mensal, trimestral, semestral ou anualmente, conforme definido no estatuto da empresa.
Juros sobre capital próprio (JSCP)
Outra maneira de distribuição de ganhos aos acionistas são os juros sobre capital próprio (JSCP) que também são depositados diretamente na conta do investidor.
Neste caso o capital do acionista é remunerado em forma de juros sobre o dinheiro investido por eles na companhia.
Ao contrário dos dividendos que são calculados sobre o lucro líquido ao final da apuração dos resultados, os juros sobre capital próprio são contabilizados como uma despesa no balanço patrimonial.
Portanto, do ponto de vista contábil, a distribuição de proventos por meio de JSCP torna-se uma vantagem fiscal para a empresa, uma vez que essa despesa reduz a base de lucro tributável e diminui a carga tributária devida pela empresa.
Para o investidor, a única diferença entre os dividendos e o JSCP está na incidência de imposto de renda. Enquanto os dividendos são isentos de IR, pois o tributo já foi pago pela empresa, os JSCP são tributados a uma alíquota de 15% já retidos na fonte.
Bonificações
Outra forma de remunerar os acionistas ocorre através das bonificações.
Ao contrário dos dividendos e JSCP, que são pagos em dinheiro, as bonificações são realizadas por meio da distribuição de novas ações da empresa proporcionalmente à quantidade de papéis original de cada investidor.
Isso acontece quando a empresa decide converter parte do lucro em reserva no seu capital social, emitindo novas ações de forma proporcional ao valor a ser incorporado.
Subscrições
Quando uma empresa decide aumentar o seu capital social, ofertando mais ações ao mercado, ela oferece aos seus acionistas os direitos de subscrição, ou seja, ela concede aos seus atuais sócios a preferência na aquisição das novas ações proporcionalmente a sua posição acionária atual.
Os direitos de subscrição visam preservar a fatia de participação que cada acionista possui na companhia.
Para isso, os investidores precisam exercer seus direitos de compra, mediante o pagamento do preço anunciado pela empresa, que geralmente é inferior ao preço de mercado.
Lembrando que o exercício desses direitos é opcional, e que o investidor pode vendê-los no mercado da mesma forma que as ações são negociadas.
Por fim, eu gostaria de fazer uma observação que considero importante para todos que desejam investir em ações pensando no recebimento de proventos.
O acionista quando recebe dividendos, JSCP ou bonificações, não está recebendo um brinde ou um dinheiro extra. Esses valores fazem parte do caixa da empresa, e quando são pagos, eles são descontados do preço da ação, fazendo com que o saldo financeiro do investidor permaneça o mesmo de antes do pagamento.
Por isso, você precisa ter em mente que é muito importante o reinvestimento dos proventos para a construção do seu patrimônio no longo prazo.
E mais importante ainda: procure sempre investir em boas empresas.
Imposto de renda: ao investir em ações, você não pode fugir do Leão
A prestação de contas junto à Receita Federal dos investimentos realizados em ações e outros ativos é de inteira responsabilidade do investidor.
Isso inclui realizar os cálculos sobre ganhos e perdas e o imposto devido, recolher o imposto de renda (IR), além de fazer a entrega da declaração ao “leão”.
Para isso, você precisa manter o controle sobre suas operações de compra e venda ao longo do ano, além de calcular o preço médio dos ativos.
Tenha uma planilha para fazer o seu controle e facilitar a sua declaração.
Assim que concluir uma operação de compra ou venda, preencha a sua planilha com os ativos, a quantidade negociada, os preços e os custos de acordo com os dados da nota de corretagem.
Controle também os proventos recebidos. Os dividendos são isentos de IR e os juros sobre capital próprio sofrem um desconto na fonte de 15%.
Como vimos anteriormente, todas as operações day trade ou operações normais com ganhos obtidos acima de R$ 20 mil, são obrigadas a recolher imposto de renda até o último dia do mês seguinte ao da operação.
Se você não recolheu o imposto até este prazo é melhor fazê-lo antes da entrega da declaração, pois a multa devida que poderia ser de até 20%, poderá ir além e chegar a 50%.
Declarando seus investimento em ações ao imposto de renda
Fazer a declaração de imposto de renda dos seus investimentos em ações é muito fácil, principalmente se você já anotou todos os dados das operações na sua planilha de controle.
E para facilitar ainda mais, preparei para você um pequeno roteiro para você realizar a sua declaração.
1. Bens e Direitos
As ações que você possui em carteira, devem ser declaradas na ficha de Bens e Direitos por meio do código 31.
Você deve inserir o nome e o CNPJ da empresa, o código de negociação do ativo, a quantidade de ações e o valor pago.
Se você possui diferentes tipos de ações (ON, PN ou Units) ou ações de várias empresas, será necessário abrir uma nova ficha para cada uma delas.
2. Renda Variável – Operações Comuns/Day Trade
Você também deve informar os resultados mensais das suas negociações com ações na ficha “Operações Comuns/Day Trade” localizada na pasta “Renda Variável” do programa da Receita Federal.
Essa etapa é muito importante especialmente se você teve prejuízos, pois você poderá compensar essas perdas em eventuais ganhos futuros. Mas isso só será possível se você preencher corretamente essa ficha desde que momento em que ocorreu o prejuízo.
3. Rendimentos Isentos e Não Tributáveis
Já com relação aos rendimentos, você precisa observar os seguintes passos:
- Dividendos: devem ser informados na ficha de Rendimentos Isentos e Não Tributáveis através do código 26.
- Bonificações de ações: você também deve declará-las na na ficha de Rendimentos Isentos e Não Tributáveis através do código 18.
4. Rendimentos Sujeitos à Tributação Exclusiva
Os Juros sobre capital próprio (JSCP) precisam ser declarados na ficha “Rendimentos Sujeitos à Tributação Exclusiva” por meio do código 10.
Entretanto, caso a empresa tenha declarado o JSCP, mas ainda não tenha efetuado o pagamento, você deverá informá-lo na ficha “Bens e Direitos” sob o código 99.
E um recado importante…
Não pense que você pode esconder seus ganhos obtidos na bolsa de valores da Receita Federal.
A Receita possui um dispositivo junto à bolsa de valores que efetua um desconto na fonte de um pequeno percentual de IR, chamado “dedo-duro”. Isso ocorre sempre que você realiza uma operação sujeita à tributação, informando à Receita que você tem imposto a pagar.
É meu amigo, talvez você já tenha ouvido falar que na vida existem apenas duas certezas: a morte e os impostos.
Portanto, você deve pagar seus impostos e informar na sua Declaração de Ajuste Anual de IR, as ações que você possui em carteira, os lucros e prejuízos (prejuízos poderão ser compensados em lucros futuros), os proventos recebidos e os impostos já pagos.
Caso contrário, é bem provável que um “leão” apareça na sua porta qualquer dia desses.
Conclusão
Com esse guia de Como Investir em Ações você já pode dar os seus primeiros passos na bolsa de valores.
Agora você já sabe:
- O que são ações
- Identificar os tickers e quais os tipos de ações
- Como funciona a Bolsa de Valores e o Índice Bovespa
- Escolher uma corretora para investir
- Os riscos e os custos de se investir em ações
- O que são proventos
E é claro: agora você também sabe que pode contar com o Sócio de Valor para saber mais sobre o mundo dos investimentos.
Por isso se inscreva para receber todas as publicações do blog diretamente no seu e-mail.
Obrigado e até a próxima!